O sumiço da semana
Esta semana foi tão complicada que eu não pude publicar nada. Além das aulas na faculdade e do trabalho ainda tiveram outras coisas, como algumas atividades para a Lobotomia e a confecção de um storyboard que está me consumindo todo o meu tempo livre.
Já tenho um material pra publicar, farei isso quando estiver um pouco mais descansado e com as idéias mais em ordem.
Vanguarda ou estilo?
Nos meus tempos de jornal, eu recebi uma pauta de um editorial de moda. O trabalho foi moleza, era o que eu sabia fazer melhor.
A locação foi escolhida e modelo foi produzida e maquiada como deveria. Eu fiz todo o ensaio de uma forma bem tradicional, usei luz natural e explorei as cores do figurino e da locação. Ao chegfar ao final eu resolvi inovar e fazer uma foto em baixa velocidade com modelo andando, o resultado foi controverso.
Ao receber o material meu editore me ligou perguntando se eu estava maluco, segundo ele "foto borrada" não vende jornal. Tentei explicar de tudo quanto é jeito, indiquei referências, defendi a idéia de que em moda deve-se ter mais liberdade. Nada disso colou.
Bem, qual foi a minha surpresa ao abrir o
The New York Times e achar uma foto no mesmo estilo? A fotógrafa Barbara Fernandez usou exatamente a mesma técnica que eu usei e garanto que não foi recriminada por ser vanguardista.
Qual a lição que se deve aprender? Bem, algumas bem simples.
1- Leia o New York Times, Vogue, GQ e tudo que ditar tendências no mundo. Entenda o que se está fazendo lá e tente se antecipar.
2- Defenda a sua foto, mas tenha sempre uma que agrade ao seu editor ou cliente. Você escolhe se manda as duas juntas ou mostra primeiro a mais nova pra ver se ele engole.
3- Estude, estude, estude e quando você achar que já sabe tudo, tá na hora de estudar, na verdade você não sabe nada.
4- Seu Editor não é Deus, mas ainda assim é seu chefe. Faça o que ele pede e só bata o pé quando tiver certeza que ele vai ceder.
Morte anunciada?
Ok, a Kodak anunciou que vai parar de produzir filmes, para as câmeras fotográficas tradicionais, restringindo a venda apenas para o mercado sul americano. O mercado de fotografia está caminhando cada vez mais para o 100% digital, mas será que a película irá mesmo acabar?
Essa conversa gera discussões infindáveis, dividindo opiniões e criando defensores exaltados. O mercado de fotografia profissional já está quase que totalmente digital, no entanto alguns fotógrafos ainda optam por trabalhar em película para trabalhos mais específicos.
Os jornalistas defendem o uso do digital em função da rapidez, custo/benefício e praticidade. A produção cinematográfica brasileira está caindo no digital pra poder viabilizar as produções. Um longa produzido em digital e finalizado em 35mm causa o mesmo impacto na platéia de leigos e saí muito mais em conta.
E como fica Hollywood? Bem, a indústria cinematográfica americana gasta mais em cópias para o terceiro mundo do que nós gastamos para produzir os nossos filmes. Ainda hoje, quase cem por cento das produções ainda usam o negativo Kodak 35mm – o filme cinematográfico continuará em produção. Os fotógrafos ainda preferem os contrastes, a fidelidade de cores e os valores de gamma da película.
Por essas e outras eu penso que a substituição do formato ainda irá demorar. Pode ser que, nos países que não tenham recursos, essa mudança se dê antes, mas nos países mais desenvolvidos pelo menos o cinema continuará em filme, – jornais como a Folha de São Paulo e The New York Times e publicitários JR Duran já são digitais há anos – um bom exemplo e o seguinte: as teleséries americanas que precisam de agilidade por ser TV, ainda são produzidas em película. Você realmente acha que isso vai mudar da noite pro dia?
Coincidência
Ao inscrever um projeto para o prêmio Braskem, eu tive que fazer um orçamento detalhado. Como o prêmio será cem mil reais para produzir um curta finalizado em 35mm, eu optei por produzir o
Noite em desalinho em 16mm - o projeto com a Lobotomia será em DV e depois será feito o transfer, opção da maioria - e para tanto tive que escolher o filme antes de sequer decupar o curta.
A minah escolha foi o Kodak Vision T 7279 de ASA 500, isso já fo iaté comentado aqui, mas o que mais e surpreendeu é que ao ler a
American Cinematography eu vi que o fotógrafo de West Wing escolheu o mesmo filme para rodar a série. A minha escolha se deu em função da necessidade do filme. Cenas noturnas e em interiores, a necessidade de se ter sombras densas com boas leituras de detalhes, exatamente os mesmos motivos de West Wing.
Eu assisto West Wing sempre que posso. Sempre curti muito o estilo da fotografia, com suas luzes mentirosas atrás das pilastras e a sub-exposição predominate dos ambientes. É curioso, mas esse estilo acabou me influenciando muito e saber que - se tudo der certo e nós tivermos sorte - estarei trabalhando com a mesma película é muito importante pra mim, pois me dá segurança de que poderei conseguir um resultado próximo.