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20/11/2003





Como fazer uma fotografia


A formação

Ok, você decidiu que quer ser Diretor de fotografia, mas como fazer pra poder chegar lá? Bem, a primeira coisa que você tem que ter em mente é bem simples, esqueça o diretor e fique só com o fotógrafo, a segunda é começar a fotografar com uma câmera fotográfica reflex.

A melhor forma de se compreender a fotografia é vivê-la dia após dia, dessa forma você irá aprender a controlar a luz natural, criar luzes, texturas e cores com iluminação artificial e o mais importante, a pensar rápido para resolver os problemas que sempre aparecem.

O fotógrafo, antes de tudo, é um Voyeur. Antes de fotografar ele observa tudo a sua volta a espera do melhor momento para clicar. Aprenda a olhar tudo. Quando se entra em um ambiente novo, se presta atenção no tipo de luz que se tem, de onde ela vem, qual o tipo de desenhos que ela forma na parede, os tipos de sombra, o grau de contraste. Se, por acaso você percebe que determinado objeto está mudando a natureza ou a cor da luz, olhe mais de perto, veja que objeto é esse e de que material ele é feito. Tudo isso vai servir de referência para você quando tiver que reproduzir aquele tipo de ambiente, seja em uma locação ou dentro do estúdio, seja para uma foto de moda, um vídeo ou um filme.

Durante o dia a luz muda de cor, cada tipo de fonte de luz têm um tipo de cor diferente, que causa um tipo diferente de reação no espectador. Busque compreender melhor a luz e a sua cor. Eis aqui uma das características mais difíceis de se entender e controlar na fotografia, o bom uso da cor torna o trabalho criativo e interessante.

Hoje em dia não existe um padrão correto para a cor, cada vez mais os fotógrafos buscam cores saturadas, contrastes forçados e brilhos acentuados, tudo isso em prol da estética. Se as pessoas rodam em branco & preto – você enxerga assim? – porque eu não posso fazer um pôr-do-sol azulado? Aqui vale a máxima, use como quiser, só tenha uma explicação na ponta da língua.

Bom, você já fotografou bastante com a sua Nikon, conhece bem a luz do Sol e sabe como começar do escuro dentro de um estúdio – sempre comece do escuro – o que fazer agora? Agora você está apto a começar a estudar cinematografia. Assista aos filmes mais de uma vez, veja os DVDs com comentários da equipe técnica, leia as matérias da American Cinematography, converse com pessoas da área, trabalhe em alguns projetos – de graça se for o caso – e abra bem os olhos pra ver como se faz, quando se sentir seguro o suficiente entre num projeto. Ah, você não está seguro o suficiente? Não importa, você está pronto pra começar.


Finalmente, a fotografia

Aha! Achou que aqui eu ensinaria qual refletor, onde posicioná-lo e com que intensidade você de vê ligá-lo, não é? Errou, antes disso você ainda tem muito trabalho pela frente é preciso criar a fotografia antes de realizá-la. Quando se entra num set já se deve saber tudo que se vai fazer, o trabalho começa no roteiro.

Ao se receber o roteiro é muito importante prestar atenção na primeira leitura, é ela que irá formar as imagens na sua cabeça, como quando se lê um livro, a partir destas sensações que você irá construir a fotografia. Na maioria das vezes os roteiros tendem a ser alterados depois que você o recebeu, mas não tem problema,sempre haverá uma primeira impressão.

Nunca, nunca mesmo, deixe de ouvir o diretor. Depois que você tiver lido o roteiro e feito suas anotações – por isso que eles têm tantos espaços em branco, pra você escrever – vá conversar com o diretor sobre as suas idéias, explique-as bem direitinho, uma a uma. Converse com ele sobre o que você achou impossível de ser feito, não tenha vergonha de dizer que não sabe fazer, sugira uma alteração à altura, e lembre-se sempre, o filme é dele e não seu.

Se o diretor não for Deus ele vai te dar ouvidos e seguir os seus conselhos, pode até ser que ele não aceite alguns, mas é por isso que você tem que ter uma mala cheia, o diretor vai sempre confiar em você. Sabe porque? Porque ele não sabe nada de fotografia, ele não entende nada de luz, contrastes e cores. Tenha sempre isso em mente e só prometa o que pode cumprir.

Não se esqueça que uma de suas funções é trabalhar em conjunto com o departamento de arte da obra, isso se ela tiver um. Se a produção for pequena e não tiver um diretor de arte isso é muito ruim, porque além de se preocupar com o seu trabalho, que não é pouco, você terá que fazer a direção de arte. Não se esqueça, tudo que for entrar em cena e estiver entre branco e preto deve estar sobre o seu conhecimento, afinal, você comanda a cor.

Roteiro lido, cores estabelecidas, vá visitar os locais de gravação. Veja tudo, analise possibilidades de enquadramento, leve um eletricista profissional pra analisar de onde ele vai puxar a luz. Se preocupe muito com as janelas, o tipo de parede dos ambientes, os lugares onde você pode pendurar os refletores – com garras ou sargentos – ou escondê-los, em suma analise tudo pra poder fazer uma planta baixa mais tarde.

Pode não parecer, mas o story board é realmente necessário. Perca o tempo que for necessário, mas junte o diretor e um desenhista – é necessário discutir os planos com o diretor antes – e desenhe o filme cena a cena, plano a plano, isso irá te poupar muitas dores de cabeça na hora que você for gravar, muitas mesmo. Não invente planos que você sabe que não tem como fazer. Converse com o produtor pra saber quais equipamentos a produção vai fornecer. Refletores, trilhos, gruas, praticáveis, saiba o que você pode contar na hora H, é muito frustrante desenhar uma cosia e não poder realizá-la.

Bom, você já tem toda a pré-produção pronta, agora é a hora de ver se seu produtor é realmente bom. Faça a sua lista de material. Não se iluda pedindo coisas que você sabe que não estão dentro do orçamento, seja simples e prático. A primeira cosia que você deve pedir é um eletricista, um bom com muitos anos de experiência e que conheça iluminação. O eletricista vai ser o cara que vai montar tudo pra você, ele será seu braço direito. Esse profissional sempre sabe o que precisa no set, mande sua lista de luz para ele que você terá uma grata surpresa quando o material chegar.

Quanto aos refletores, bem, isso só você pode quantificar. Você é que criou a luz, deve saber a quantidade que precisa, a potência é mais fácil de estipular. Tenha sempre em mente que potência é diretamente proporcional à área que você quer cobrir isso você precisa controlar na decupagem, não adianta criar planos gerais se você não vai ter grana pra iluminá-los. Quando for iluminar um ator se baseie na relação de 2:1 ou seja, você sempre pedirá um refletor de potência x e um de 2x, não se esqueça de iluminar o fundo do cenário. Uma boa dica é usar refletores de 2000w, 1000w e 600w, com isso você vai ficar bem confortável. Se por um acaso você só tiver acesso a refletores da mesma potência, que seja de, no máximo, 1000w. Trabalhando com lâmpadas de mesma potência você vai quebrar a cabeça e ficar maluco pra conseguir controlar tudo. Vale a pena dar uma olhada nos sites da Arriflex e da Mole Richardson, eles têm fotos com os equipamentos e às vezes sugerem o uso mais adequado deles.

Bom, depois que você gravou tudo, devolveu o material e tomou um banho, se prepare pra poder pentelhar na edição, lá você pode ajustar algumas cores, salvar algumas coisas e chorar outras. É imprescindível este tipo de ajuste para que o vídeo fique mais homogêneo, mas cuidado, não fique achando que vai poder fazer milagres lá.

É isso, se cerque de bons profissionais, anote tudo pra não esquecer e o mais importante de tudo: tenha autocrítica. Quando seu trabalho estiver pronto veja o que seu certo e acrescente ao “livro de manhas”, analise o que deu errado pra evitar repeti-lo e lembre-se que você está começando.